Pulmões sofrem no inverno
Tosse, chiado e falta de ar ocupam o topo do ranking de queixas em emergências nos hospitais Brasil afora nesta época do ano. "Tais sintomas interferem diretamente com o dia a dia, por isso as pessoas procuram logo a ajuda médica", diz Daniel Deheinzelin, pneumologista do Núcleo Avançado do Tórax do Sírio-Libanês.
Entre abril e outubro, a tendência é de que a busca se acentue porque nesses meses o clima costuma ficar frio e seco, e a falta de chuva favorece o aumento da poluição. O sistema respiratório sofre. Quem vive em grandes centros urbanos, caso de São Paulo, fica ainda mais suscetível. Como mudar-se para o campo não é uma decisão que qualquer um possa tomar, o jeito é cuidar das vias respiratórias, adotando um estilo de vida mais saudável, com alimentação equilibrada e prática de atividade física e, principalmente, evitando o fumo, já que o cigarro é sem dúvida o maior causador de danos pulmonares.
Segundo Deheinzelin, no Pronto Atendimento do Sírio-Libanês os males respiratórios correspondem ao dobro da segunda causa de emergência, que é um misto de desconfortos, como dores e febres sem relação com os pulmões.
Além das doenças crônicas que podem piorar no inverno, como a asma, a bronquite e a chamada doença pulmonar obstrutiva crônica - também conhecida pela sigla DPOC -, vale lembrar que o recolhimento em ambientes fechados, comum no tempo mais frio, também favorece a disseminação dos vírus, como os da gripe. E o fato é que mesmo uma simples gripe, quando ignorada e não tratada, é capaz de evoluir para distúrbios graves e desencadear, entre outras possibilidades, uma pneumonia.
Procurar ajuda é a atitude certa
Assim, buscar o médico logo que os sintomas começarem a ameaçar a qualidade de vida é exatamente o que se deve fazer, pois facilita diagnósticos precoces e favorece os tratamentos e a cura. Nem sempre o problema é o que parece. Uma tosse persistente, por exemplo, pode indicar desde refluxo gastroesofágico – uma condição que faz retornar o conteúdo estomacal e pode irritar o sistema respiratório – até tumores, passando por resfriados, tuberculose e alergias. "Se persistir por mais de suas semanas é imprescindível uma investigação", avisa Deheinzelin.
Na ala pediátrica, o destaque é a bronquiolite. Esse processo inflamatório dos bronquíolos – minúsculas estruturas da árvore respiratória – geralmente decorre da ação do vírus sincicial respiratório (VSR) e também compromete a troca de gases. Entra uma menor quantidade de oxigênio e sai menos gás carbônico do que deveria. Essa interferência, que faz o bebê chiar, pode ser bastante perigosa. Daí a importância de ir imediatamente atrás de ajuda médica quando notar que a criança emite ruídos ou demonstra qualquer dificuldade para respirar.
O pronto atendimento pode não só dar o alívio imediato como encaminhar o tratamento de todas essas doenças e deve ser procurado sempre que necessário. Mas quem quer evitar chegar a esse ponto precisa saber que algumas atitudes prosaicas, como manter as mãos bem limpas e os ambientes ventilados, são sempre de grande ajuda para afastar o risco de doenças. Fonte: (Hospital Sírio-Libanês / Dr. Daniel Deheinzelin, pneumologista do Núcleo Avançado do Tórax).